terça-feira, 13 de julho de 2010

VIII

Amor,
Meu pequeno amor.
Cabes de sobejo em minhas mãos.
Parece que
um sonho meu
abater-te-ia;
um beijo, então,
com o vento,
levar-te-ia.
És tão frágil,
minha preciosa.
Quando tiveres pés
para andar,
dar-te-ei minha mão,
despiremo-nos
e nossas bocas e corpos
serão um só.
Não me temas
quando chego
a um crítico silêncio.
Na fria madrugada
fazes-me falta,
pequena,
acredite.
Não me dês
como perdida,
minha transparência,
às vezes inútil,
esconde
o secreto amargor.
Espera-me,
meu bem;
Éramos
outros olhos;
outras mãos;
outras línguas.
Apesar de tudo,
ainda temos
tempo para saudar
as esperanças
e uma breve eternidade
para reconciliar-nos.
Amor,
entre outras
serei atenta:
entre sussuros e silêncio
o sereno desejo,
como um incêndio,
despertará
um remoto afago.
A imóvel noite,
estrelada,
que nos pertence,
me ensinará
a enterrar,
entre orgulho e ventura,
outros outonos.
Esta, não obstante,
é a minha triste história,
que agora resigno
à sombra.
É vaga minha direção,
mas te encontrarei
em outra estação;
seremos outra vez felizes
senão meu coração cansado.

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Roland Barthes