segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Um copo de vinho


Agora o ponteiro dispara
feito coração pulsante dilacerado
pelo orgasmo ingerido por
tua boca voraz.
[um copo de vinho. Acalmo
e encrudeço].

A poesia que denuncia
a intimidade alheia
é aquela que
nos cerca e
nos espelha;
(mais fácil é conter-se
à metapoesia:

musa em decadência,
olhos revirados ao se lançar
contra o travesseiro;
muda e à espera) –
é figura de linguagem.

As palavras vêm e vão
no compasso certeiro
daquele mesmo ponteiro
que marca o gozo pleno,
que se delonga e
faz tremer em pequenos
intervalos comedidos –

enquanto você saca o
fósforo e afogueia
a mortalha
branca que beija
teus tristes lábios.

Um comentário:

  1. É uma pena que o destino seja cruel. Se é que ele existe..
    Se ele existe, a crueldade é inerente, sem dúvida.
    Se não fosse cruel, não estaria aqui, fadada ao anonimato. Despedaçada com palavras e imagens que moldam o perfil de uma pessoa única, utópica. Detalhes superficiais me fazem imaginar um subjetivo que arrebata assim, de longe, sem nem imaginar. Não desolaria você, encontrar in every single detail, the greatest?! Allons-y! E agora, como esquecer?

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A linguagem é como uma pele: com ela eu entre em contato com os outros.

Roland Barthes